quinta-feira, 20 de março de 2008

A minha história com o hóquei

Nasci em 1987. Naquele ano, Lemieux marcou o gol do título da seleção canadense contra a União Soviética na Copa do Canadá. Sidney Crosby, atual detentor dos Troféus Hart e Art Ross, dava, como este que vos escreve, as primeiras noites em claro aos seus pais, Trina e Troy.

Não, não irei lançar uma teoria de que minha paixão pelo hóquei – e, principalmente, pelos Penguins – tem relação com o ano do meu nascimento. Mesmo que o meu pai, um espírita, acredite que há algo do gênero no meu incomum gosto pelo esporte.

Enfim, nasci e passei meus primeiros anos de vida com uma bola de futebol no pé. Boa parte das minhas primeiras fotos são com a camisa da seleção brasileira e/ou chutando uma bola. Como todo menino brasileiro, parecia que seria mais um torcedor fanático pelo bolapé e que simplesmente ignoraria a existência do hóquei.

Em 1993, ao passear em um shopping, tive o primeiro contato com o hóquei. Não, as televisões à venda não passavam as grandes defesas de Roy e os Canadiens rumo à Copa Stanley, tampouco o fracasso dos Pens após uma temporada regular sensacional. O hóquei estava em um lançamento, para Mega Drive, chamado NHL ’93. O jogo, primeiro da série da Eletronic Arts que existe até hoje, me fascinou. Passei o resto do ano choramingando que queria o tal do video-game.

Ganhei o video-game, mas não o jogo de hóquei. Até me diverti com o jogo oficial dos Jogos Olímpicos de Inverno de ’94, mas o esporte sobre o gelo que havia me interessado era outro. Passei alguns anos esperando o dia de jogá-lo.

O tempo passou, eu mudei de cidade e de video-game, mas o hóquei ainda me chamava atenção. Assisti pela primeira vez o famigerado filme Nós Somos Os Campeões 2 e decidi que iria jogar hóquei. Liguei para o supermercado, vi o preço dos patins e do taco. Pedi para os meus pais e eles disseram não. Me questionaram: “Você vai jogar com quem?”. Tive que me contentar com o jogo Stanley Cup, para Super Nintendo. Naquele mesmo ano, houve a Copa Nescau de hóquei in-line e um dos times visitou o meu colégio. Foi uma das experiências mais interessantes da minha infância.

O Super Nintendo deu lugar ao Playstation e o hóquei continuou com um lugar especial nos meus jogos favoritos. O primeiro jogo que joguei quando ganhei o video-game foi de hóquei. Possuia cerca de quatro, cinco jogos de hóquei para aquele console.

No fim de 2000 coloquei TV à cabo e pude, finalmente, assistir um jogo de hóquei. O primeiro que lembro ter visto foi uma reprise de Penguins e Flyers, numa manhã de sábado. Naquele dia, me tornei um torcedor dos Pens. Não havia completado sequer um mês da volta do Mario Lemieux e a história, desde os problemas de saúde ao jogo de volta em dezembro, me fascinou.

No mês seguinte assisti o Jogo das Estrelas e passei a assistir e gravar todos os jogos que a ESPN trasmitia. Virava noites e noites assistindo hóquei.

Em 2001 comecei a jogar hóquei in-line, mas devido aos custos elevados, desisti de praticar o esporte. Joguei até meados de 2002.

Assisti os Devils eliminarem os Penguins na Final de Conferência e depois cairem para o Colorado Avalanche em 2001. Assisti os Red Wings acabarem com os Hurricanes em 2002. Sofri ao ver os Ducks perderem para os Devils em 2003. Sofri também ao ver Jarome Iginla e os Flames cairem frente ao Lighting em 2004. Junho e julho tornaram-se sinômimos de hóquei de alto nível ao vivo [coisa rara em temporada regular].

Antes da greve na NHL, assisti Lemieux liderar o Canadá ao título da Copa do Mundo. Durante a greve, ouvi os jogos dos Baby Pens, time afiliado dos Penguins na AHL.

Quando a greve acabou, os Pens ganharam o maior presente. Sidney Crosby, primeira escolha no recrutamento daquele ano, caiu nas mãos de Craig Patrick num dos dias mais estranhos da minha vida. O meu amigo Leal me mandou uma mensagem dizendo que os Pens haviam conquistado a primeira escolha, logo depois outro amigo, o Fábio Asquino, também mandou. Eu queria comemorar, mas não podia. Fiquei louco para chegar em casa e, quando cheguei, pude celebrar com os amigos torcedores dos Pingüins de Pittsburgh.

A temporada 2005-06 foi a minha primeira acompanhando os Pens diariamente. Assisti boa parte dos jogos e ouvi alguns. Os Pens não foram aos playoffs, mas foi um ano especial.

Desde então, assisto todos os jogos dos Penguins que tenho acesso e participo das discussões da comunidade brasileira dos Penguins no Orkut. Luto pela divulgação do esporte e brigo contra a imagem ruim que a mídia brasileira dá ao esporte, o chamando de violento.

O hóquei é o meu esporte favorito, é a minha paixão. Vivo o esporte, mesmo nunca tendo visto neve nem um jogo oficial. Coleciono meus pucks [ou discos], minhas figuras de ação dos jogadores. Tenho uma foto do primeiro gol do Crosby no meu quarto, ao lado do poster do Mario Lemieux. As pessoas podem não entender. Talvez não seja mesmo para entender. O hóquei, como em várias crianças canadenses, faz parte da minha vida. E, independente do lugar em que eu viva, isto não irá mudar.

2 comentários:

Leonardo Coelho disse...

Pois é, a minha história começou um pouco mais tarde, em 2003, quando não tendo o que fazer nas altas horas da madrugada sintonizei (opa, isso não é rádio, mas é o costume) na ESPN, e lá estava Jarome Iginla fazendo um belo gol. E não deu outra, foi paixão pelo esporte a primeira vista. E pelo Calgary Flames também. E por pouco não vi aquele time levantar aquela Stanley Cup, let it go.

Estou sempre dando uma força aqui.
Abraço.

Unknown disse...

"Como alguém pode amar tanto assim alguma coisa? Queria saber como é sentir algo assim ou talvez ter um pouco de amor como esse pra mim."

Foi mais ou menos esse o pensamento que tive depois de conversar pela primeira vez com o Luiz sobre hoquei e.. acho que consegui ter o que desejei naquele momento, justamente com a ajuda dele.